Numa altura em que o Governo atira areia para os olhos dos portugueses com os temas fracturantes, os indicadores económicos falam por si, indicando quais deviam ser as preocupações do governo, pelos vistos José Sócrates prefere fazer ouvidos moucos e vista grossa aos avisos que lhe vão chegando dos mais variados quadrantes da sociedade.
A provar que o governo foge realmente aos temas em que se devia centrar estão os números do INE:
Número de desempregados
1999 à 225.800
2009 à 494.800
Investimento (em percentagem do PIB)
1999 à 26,8
2009 à 18,2
Nota: Esta diminuição resulta essencialmente do decréscimo do investimento privado.
PIB per capita
1999 à 11.600 euros
2009 à 12.000 euros
Nota: Este foi o único indicador que teve um saldo positivo, no entanto, quando comparado com o crescimento do PIB per capita da zona euro fica muito aquém. O crescimento do PIB per capita em Portugal foi de 3,4% e na Zona Euro foi de 8,6%.
Dívida Pública (em percentagem do PIB)
1999 à 51,4%
2009 à 77,4%
Nota: A, este ritmo de endividamento a dívida pública pode atingir níveis insustentáveis. O que segundo as agências de rating, pode estar perto de acontecer, pois recentemente reviram em baixa a qualidade da nossa dívida pública.
Será que a resolução do gravíssimo problema social que é o desemprego, não deve ter prioridade em relação às questões existenciais e um pouco doentias de uma certa franja da sociedade?
Não será mais importante apoiar o investimento privado, em vez de o Estado com o dinheiro dos contribuintes andar a substituir os privados? Aumento dramaticamente a dívida pública, para valores que mais dia menos dias vão ser insustentáveis?
Será que passa pela cabeça do primeiro-ministro e do ministro das finanças, realizarem um orçamento de estado para 2010, baseado na redução da despesa pública em vez de o sustentarem no bolso dos contribuintes através do aumento dos impostos e taxas?
Ricardo Miguel Vinagre
Estes indicadores não mentem nem podem ser "escondidos" com habilidades de falso marketing político.Mas tanto mais se poderia dizer. E relembrar algo do genial J. M. Keynes quando lemos alguns dos nossos governantes a invocarem as teorias de Keynes para justificar os investimentos públicos no TGV e no novo aeroporto.
Interpretações "abusivas" das teorias de Keynes têm servido de muleta para justificar um estado cada vez mais pesado, presente e actor em todas as áreas. Keynes foi um liberal que defendeu um programa de intervenção do estado para fazer a economia do Reino Unido sair do desemprego e regressar ao caminho da prosperidade. Isto na Grande Depressão. Hoje o nosso Governo vem dizer que vai fazer mais do mesmo. Concentrar, aumentar as despesas públicas, intervir nas áreas dos privados e prometer investimentos que visam sobretudo manter as posições do próprio Estado.
Os investimentos apontados, em contra ciclo , não vão criar empregos permanentes, não vão provocar desenvolvimento económico sustentado, não vão promover as exportações nem aumentar as nossas capacidades tecnológicas.
As enormes verbas a investir não seriam muito mais rentáveis para o País, como um todo, se fossem aplicadas noutros tipos de projectos?
Investir na investigação, investir nas PME´s , investir no empreendorismo direccionado para o futuro, na cultura e no entretenimento (uma das maiores industrias da actualidade), investir em muitos projectos e não concentrando tudo numa ou duas jogadas. Estamos a pôr na mesa o resto dos nossos recursos e, sobretudo, da nossa capacidade de endividamento.
Caro Ricardo abriste a caixa de Pandora.
Ou terá sido o Governo que já a tinha aberto?
AC
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