Decorria o fim de mandato do anterior executivo da CDU na Câmara Municipal e já nos encontrávamos em plena campanha eleitoral, quando se tomou a decisão da Câmara Municipal de Viana do Alentejo aderir a uma nova associação que viesse a tratar dos destinos da água do nosso concelho. Essa associação irá criar uma nova empresa em sociedade com a empresa Águas de Portugal, EP.

Foi “bandeira” do PS e do PSD nesse período tentar evitar que o Município de Viana do Alentejo viesse aderisse à tal entidade, porque se considerava que esse era o caminho para a privatização da água, o que seria claramente lesivo para os nossos munícipes. Consequentemente a esta decisão, o nosso município perde poder de decisão na gestão da água e naturalmente no controlo do preço da água. Ou seja, tal como já está acontecer em muitos municípios, o preço da água vai subir significativamente.

Como era hábito, o executivo municipal da altura decidiu seguir em frente, beneficiando da sua maioria na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal.

Agora e porque ainda há tempo de recuar nesta matéria, põe-se uma questão premente: Vai o actual executivo municipal mudar o rumo errado em matéria das águas municipais?

Eu sei que é possível recuar, por isso mesmo, enquanto cidadão gostava de saber se vai haver coerência com as posições anteriormente assumidas e dessa forma, evitar que o concelho de Viana do Alentejo siga um caminho errado, em que não haverá retrocesso, pelo menos nos próximos 50 anos.

A minha expectativa é que haja coragem política do novo executivo do PS - Partido Socialista em mostrar a diferença e ter a coragem de dizer não, tal como o fez em período eleitoral. Assim foi feito nas últimas Assembleias Municipais, agora vamos ver.

Também, porque acredito que a postura de diálogo vai ser diferente pelo novo executivo municipal, espero que estas questões importantes para o concelho de Viana do Alentejo mereçam resposta.

Aproveito a oportunidade para expor alguns estratos do Boletim Vida Nova onde esta matéria foi abordada.

(..) Não podemos concordar que a nossa água, gerida durante séculos pelo concelho, seja entregue a outra entidade, não eleita pelos cidadãos, ficando ela, durante cinquenta anos, com todos os direitos sobre este bem cada vez mais precioso, olhado agora com crescente ambição pelas bolsas de valores nacionais e mundiais. Como tem sido hábito nestes últimos dezasseis anos, este poder autoritário, paternalista e cada vez mais irresponsável, num processo pouco transparente, sem debate e esclarecimento público, tem o desplante de “apunhalar” pelas costas a população do concelho, não lhe dando oportunidade de ser informada e posteriormente decidir, como é próprio da vivência democrática, tão apregoada pelos interesses que infiltraram a CDU/Viana, mas ao mesmo tempo tão pouco praticada por esses mesmos indivíduos. (…)

(…) Esta proposta foi acaloradamente discutida nessa sessão, tendo sido, no final, submetida a votação e aprovada apenas com os votos da actual maioria CDU/ Viana (7), já que tanto os eleitos do PS (3) como os do PSD (3) votaram contra. Esta “vitória” tangencial da CDU/Viana foi ainda “manchada” pela abstenção de um dos seus elementos, mais concretamente do presidente da Junta de Freguesia de Alcáçovas. (…)

Estratos do Boletim Informativo Vida Nova nº 3 do PS – PELAS MÃOS DA CDU, A ÁGUA QUE CHEGA ÀS NOSSAS TORNEIRAS VAI MUDAR DE DONO…

Aguardamos ansiosamente pela resolução urgente deste problema, se não for já, temos que esperar 50 anos.

António Costa da Silva