Vamos ter um Governo em minoria. É bom ou é mau para o País? Esta deve ser a questão que todos deveríamos estar a colocar.
Se por um lado, temos a vantagem de não estarmos sujeitos à prepotência e arrogância de Sócrates. Por outro lado, temos um Governo frágil, sujeito às pressões que os partidos minoritários lhe possam fazer. Aliás, deu para perceber o exagero vitorioso de Louça, tentando mostrar que o comando do País vai passar a estar sob a sua alçada.
Na minha perspectiva, tendo em conta a situação crítica em que o País se encontra, exige-se que o Governo seja reformista e que faça uma governação responsável para que o futuro de Portugal não fique comprometido. Obviamente, uma gestão no sentido do facilitismo será extremamente grave para o nosso País. Menos arrogância, sim, mas espera-se exigência governativa.
Também do PSD, apesar do seu péssimo resultado eleitoral, espera-se responsabilidade. Aliás, na minha perspectiva deveria ser o PSD a garantir estabilidade governativa ao Governo do PS. A questão não passa pela criação do Bloco Central, mas sim permitir a apenas a governação, pensando simplesmente no futuro de Portugal.
Para mim, existem 3 áreas que necessitam de um consenso nacional (que poderiam envolver mais partidos), A estabilidade em áreas-chave do País são tão importantes que deveria ser garantida a estabilidade de políticas para não se hipotecar o futuro do País. Essas áreas são as seguintes:
1) Sistema de Justiça e Simplificação da lei – a situação do sistema de justiça português deveria ser resolvido o mais rápido possível. Garantir que o sistema funcione eficazmente, que os processos judiciais não emperrem, que o acesso á justiça seja democrático, etc, etc: Não resolver esta chaga significa que não há justiça em Portugal, que os processos não andam, que a economia não funciona bem, que nada acontece aos criminosos, etc, etc;
2) Sistema Educativo – é necessária uma verdadeira reforma no sistema educativo, onde se consigam promover verdadeiros índices de conhecimento e de cultura dos nossos cidadãos, onde se estimule a iniciativa, a criatividade e o desenvolvimento intelectual, e que a educação seja para todos. Mas também planear o futuro, ou seja saber prever quais são as nossas reais necessidades do amanhã;
3) Reforma Administrativa – O País não pode continuar dependente de um sistema burocrático ferrugento, que complica a vida das pessoas e das empresas. O Estado tem que estar mais próximo do cidadão, as decisões não podem ficar apenas nos grandes centros, deverão passar para perto dos cidadãos. Nos países desenvolvidos os sistemas políticos funcionam debaixo para cima, ou seja, são os cidadãos e os organismos que lhes estão mais próximos que estimulam o processo do desenvolvimento e consequentemente a melhoria do sistema democrático. Portugal tem que melhorar estes aspectos.
Com a estabilização das políticas nestas áreas, através da criação de acordos abrangentes e duradouros, é possível promover o desenvolvimento em todos os seus domínios.
A partir daí sim, cabem as diferenças políticas e ideológicas dos diferentes partidos políticos. Mas sempre depois do interesse de Portugal e dos portugueses.
Parece-me mesmo que é isso o que os cidadãos mais desejariam.
António Costa da Silva