Alcatroeiros!!
Aguiar sempre foi uma freguesia pobre, sem muitos predicados no que diz respeito ao património arquitectónico. Estrategicamente foi sempre um ponto de passagem e nunca de fixação de populações, até á bem pouco tempo. Quando a CMVA fez alguma coisa para alterar esta politica, mesmo sem criar pólos de atracção, limitando-se a abrir espaço de edificação pouco tempo teve de esperar. O espaço foi ocupado com muita rapidez, a iniciativa privada investiu alguns milhões na freguesia e num par de anos tivemos um crescimento populacional relevante, não sei se existem registos, mas pelos menos 100 novos habitantes, o que num local onde residiam 699 é um acréscimo muito significativo, depois sentaram-se á espera, fizeram umas festas da primavera, e umas comemorações do 25 de Abril. A pedido de muitas famílias arranjaram e dotaram a pré escola de melhores condições (desde há muitos anos que a pré escola de Aguiar não tinha duas salas em funcionamento), deram um toque aqui ou ali e ultimamente alcatroaram 2 ruas indo neste momento para a 3ª.
O largo da Igreja está a ser alcatroado também, ainda não percebi se vão alagar a rua até ás portas da igreja ou se querem assar os velhotes que no verão concorrem os velhinhos bancos colocados aleatoriamente por aqui e por ali. Por considerar que por questões estéticas e de conforto o largo da igreja (o centro de Aguiar) era uma aberração, insistem em manter tamanha aberração. Uma casa de banho pública marca a paisagem com um impacto visual perfeitamente desajustado, sendo no entanto o local mais confortável para o descanso dos velhotes quando chove muito ou já não se aguenta estar no alcatrão. A cabine telefónica mais parece ter sido abandonada ali por alguém que ia com muita pressa. E as belíssimas amoreiras (penso eu que sejam), que proporcionam sombra, partem o pavimento e inviabilizam totalmente o espaço praça ou rossio, a muito custo consigo vislumbrar a igreja mas não deixo nunca de reparar na excelente iluminação publica tirada de um filme de fellini que para além de iluminar muito pouco está colocada nos locais mais improváveis, note-se o candeeiro que ilumina a entrada da igreja que passo a descrever: - Belíssimo exemplar em latão pintalgado por aqui e ali a cal, denota alguma corrosão e aparenta uns bons 30 anos, coroa a entrada da igreja e surpreende-nos com o seu design anos 70, de referir que a cablagem que escorre pela empena da igreja já se confunde com a própria parede após 30 demãos de cal.
O excelente estado de conservação do imóvel é de bradar aos céus, pelo que sei, uma obra de reparação ao telhado realizada á pouco tempo denota no mínimo falta de profissionalismo de quem o fez. Colar telhas de barro em pranchas de lusalite está comprovado há já muitos anos não ser um opção correcta por questões de amplitude térmica elevada e fraca resistência das placas que por serem de fibras de cimento absorvem muita água e pela mesma razão ao serem atingidas pelo nosso sol abrem fissuras que normalmente resultam em fendas, estas descolam as telhas, por outro lado neste tipo de recuperação os canais são invariavelmente estreitos, o que proporciona o deposito de detritos e a consequente plantação que cresce invariavelmente nos telhados das nossas igrejas. Como posso reparar o alcatrão tem sido uma solução por aqui, aproveitem e alcatroem também o telhado da referida igreja, com toda a certeza cria um bom revestimento e se no verão aquece em demasia o espaço de culto, no inverno vai ser bom visitar o templo para aquecer o corpo e talvez a alma.
Excelentíssimo Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Aguiar, sei que no meio do desnorte de liderança da CMVA e com eleições á porta, se torna urgente fazer alguma coisa, mas como o senhor sabe tão bem como eu, isto é empatar, não se resolve nada e fica tudo na mesma. Na minha qualidade de cidadão peço-lhe que interceda por nós, nem tudo em Aguiar tem de ser provisório e essa coisa do alcatrão que embora seja bom para passear de automóvel, não é concerteza o ideal para pavimentar uma praça. Proponha um pequena requalificação do espaço, existem programas específicos que a CMVA pode estudar e apresentar uma proposta com qualidade, para que quem passe lhe apeteça parar e usufruir do espaço que por ser publico, central e com algum interesse mais que não seja pela história do relógio pode tornar-se num cartão de visita e num local com dignidade.
Editado por António Costa da Silva