Sexta-feira, 13 de Junho de 2008

Viva o Sto António, Viva o S. João, viva o “Dia da Raça” e a Restauração..e o Fascismo, porque não?

 

Comemorou-se no passado dia 10 o dia de Portugal e das nossas comunidades e festejam-se agora os santos populares um pouco por todo o país. A animação é grande, o calor e o Europeu ajudam, e os portugueses até esquecem a enorme crise que o país atravessa. É uma época em que o nosso orgulho enquanto povo, enquanto nação, enquanto cultura, vem ao de cima e o sentimento de união aumenta. Como em todas as coisas, existem sempre os extremistas e os que gostam de estragar a festa. Não falo propriamente dos idiotas dos neo-nazis ou “extrema direita”, ou o que lhes queiram chamar, que uma vez mais reservaram-se ao direito de andar por Lisboa a proclamar o racismo e a xenofobia como doutrina, a rezar ao Salazar e a exibir cartazes alusivos à defesa da raça perfeita (um menino branco, loiro e de olhos azuis). Enfim, não devemos julgar distúrbios mentais..
  

Falo antes do nosso mais alto representante de estado - Cavaco Silva – que em plena comemoração do dia de Portugal lembra-se de dizer o seguinte:
“Hoje eu tenho de sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça, o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades portuguesas”
 

O Presidente da República referiu-se ao 10 de Junho como sendo o “dia da raça”, uma designação usada durante o Estado Novo para este dia, ou como lhe chamou o BE “terminologia racista e segregadora do Estado Novo”.

 
Se Portugal estava feliz com estes festejos, rapidamente as coisas azedaram e os “estômagos mais sensíveis” tiveram de se pronunciar e pedir um esclarecimento e as desculpas do nosso PR.
Numa altura em que a extrema direita surge com maior força, em que o nosso pouco saudoso Salazar ganha a sui generis distinção, por parte do povo português, de “Maior Português de Sempre”, em que as pessoas parecem um pouco confusas com os princípios democráticos, tal desatenção ou intenção do nosso PR deixa-nos um pouco desconfortáveis quanto aos valores instituídos em Abril de há 34 anos, com um nervoso miudinho a aumentar e a temer o pior!

 

Já começo a imaginar as próximas comemorações do 10 de Junho.. talvez a começarem desta forma:

  

                                                                        

                                                                                                foto: Estela Silva/Lusa

 
Heil Cavaco!

 

 

B. Borges

publicado por alcacovas às 17:51
De Maria d'Aires Viana a 21 de Junho de 2008 às 21:18
O moço Frederico - Conclusão

Marcelo Caetano, porventura o maior e melhor produtor do corpus teórico em que assentou o regime salazarista, foi bem explícito a esse propósito, ao escrever que “os indígenas são súbditos portugueses (…) mas sem fazerem parte da Nação, quer esta seja considerada como comunidade cultural, quer como associação política dos cidadãos”; e ainda que “num só ponto devemos ser rigorosos quanto à separação racial no respeitante aos cruzamentos familiares ou ocasionais entre pretos e brancos, fonte de perturbações graves na vida social de europeus e indígenas e origem do grave problema do mestiçamento, senão sob o aspecto biológico (…) ao menos sob o aspecto sociológico”. Ou ainda “os pretos em África têm de ser dirigidos e enquadrados por europeus. (…) Os negros em África devem ser olhados como elementos produtores enquadrados ou a enquadrar numa economia dirigida por brancos” (Marcelo Caetano, “Os Nativos na Economia Africana”, Coimbra, 1964, p.16).
Falemos agora um pouco de Gilberto Freyre. No plano ideológico, o Estado Novo apropriou-se abusivamente das suas teses luso-tropicalistas, procurando com elas defender a virtual construção secular de uma nação portuguesa multi-racial. Numa breve crónica publicada na revista História, o historiador António Hespanha (nº 80, Outubro de 2005), a propósito da benignidade da tese de Freyre acerca da miscigenação racial e cultural, escreve: “ Basta visitar, ainda hoje, uma cidade como S. Salvador para perceber que as tais elites locais não eram entusiastas de grandes misturas com as populações pobres, negras ou indígenas locais. O próprio [Freyre] notou frequentemente essa atitude casticista em vários pontos do antigo Ultramar português” De facto Gilberto Freyre escreveu um diário, em 1951, publicado sob o título “Aventura e Rotina”, no qual relata a sua viagem às colónias portuguesas. Essa viagem foi-lhe proporcionada pelo próprio Estado Novo, pelo que ele só viu aquilo que quiseram que visse…
Por fim e acerca do tal cartaz de propaganda do regime salazarista, onde aparecem “quatro mãos, cada uma se sua cor”. A Africa do Sul produziu um cartaz semelhante, onde se via uma mão branca a apertar uma negra. Será que isto significa que o mundo inteiro andou enganado, que afinal o regime sul-africano não foi racista e que o apartheid nunca existiu? Oh moço, tenha piedade de nós, veja lá se arranja argumentos menos pueris para defender a sua dama! Bem sei que “em terra de cegos”…

Sempre esperei que perante um comentário desta natureza as forças vivas das esquerdas do nosso Concelho aparecessem a denunciá-lo, a desmistificá-lo, a combatê-lo. Onde estão os Pedros, os Penetras, os Diamantinos, a malta do PC, a rapaziada do Bloco? Hah! Pois. É que a “nossa” esquerda desde há muito que perdeu a ideologia. Interessa-se por coisas mais banais, a manutenção do status-quo, o carreirismo, o mando. Nesse aspecto o moço Frederico é muito mais coerente. Mesmo toscamente, não teve pejo em defender a sua ideologia. E neste ponto tiro-lhe o chapéu.

Maria d’Aires Viana
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