Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2006
O TURISMO, MOTOR DO DESENVOLVIMENTO NO ALENTEJO
Este mês de Janeiro trouxe notícias importantes para o desenvolvimento do Alentejo e, em especial para o Concelho de Grândola.
Estou a referir-me, como é óbvio, aos dois grandes projectos aprovados pelo Governo para as zonas do Pinheirinho e da Costa Terra. São dois complexos de qualidade, que irão contribuir para a criação de cerca de 1700 postos de trabalho directos e 4350 indirectos. O investimento total será da ordem dos 670 milhões de euros.
Um terceiro projecto, para a Herdade da Comporta deverá ultrapassar os 500 milhões e temos ainda o projecto para Tróia já em execução.
O efeito destes empreendimentos na economia local serão muito importantes, mas este efeito deverá que ser analisado e potenciado sob 2 aspectos:
- Impacto expedido ou activo.
- Impacto recebido ou passivo.
Antes de passar ao esclarecimento destes efeitos quero expressar uma preocupação e, de certo modo, uma expectativa, sobre o impacto ambiental destes projectos.
O Governo e os promotores garantem que os possíveis danos ambientais foram acautelados e que a presença destes empreendimentos pode mesmo proteger a zona onde se vão implantar.
Gostava de conhecer melhor os argumentos de uns e de outros, mas tenho que admitir que o desenvolvimento de uma região como a do Concelho em causa tem que apoiar-se no Turismo.
Turismo de alta qualidade, de baixa densidade e com respeito pela população local, pelo património cultural e tradicional e pela natureza.
Este pode ser um bom caminho, equilibrado e integrado, mas terá que haver da parte das autoridades mais envolvidas e responsáveis nesta matéria, um compromisso inabalável em termos de ordenamento de todo o litoral, com respeito pelas pessoas e pela natureza.
Volto agora aos tipos de impacto que empreendimentos como estes podem causar no meio social e económico em que se vão inserir.
Por impacto expedido ou activo entendo todas as actividades promovidas pelos projectos citados acima.
São os alojamentos, os restaurantes, os bares, os campos de golf ou de ténis que atraem os visitantes. Oferecem boas acomodações, boa gastronomia e entretenimentos.
Para tal vão construir, vão equipar, vão servir, vão em termos gerais fazer uma oferta que atrairá muitos turistas, nacionais e estrangeiros.
Mas o há outro tipo de impacto, que chamei de recebido ou passivo.
Este poderá explicar-se por uma frase simples: os visitantes dos empreendimentos que vão ser criados querem mais, procuram algo diferente daquilo que possa ser o menu destes.
Vão querer saber o que há para lá dos seus resorts, vão querer conhecer a região, vão procurar, em conformidade com os seus gostos e interesses, saber o que é que há em termos de monumentos, de artesanato, de gastronomia, de tradições, de paisagens, de espécies animais e vegetais, de caminhos para trilhar e mais, muito mais.
E depois vão querer saber como satisfazer os seus desejos e curiosidade, com conforto, com segurança, com orientação profissional, em suma, com qualidade.
Um turista que venha para um empreendimento de alta qualidade ou de luxo, pensa (e deseja) encontrar um menu de actividades exteriores que esteja acessível, bem preparado e atraente.
Ora este menu de actividades não existe, nem poderá ser criado só pelos promotores destes projectos, mas há todo um mundo de actividades que só poderá ser potencializado e oferecido por uma série de pequenos/médio empreendedores que, por si ou em colaboração com os dirigentes dos futuros complexos turísticos, possam criar ou desenvolver pequenos projectos de animação turística.
Há todo um mercado a aproveitar. Sabemos que a construção dos referidos complexos levará alguns anos, que o crescimento do mercado potencial será gradual. Mas temos que compreender que estamos já perante factos concretos.
Para a zona do Alqueva. E não só, há outros projectos que só reforçam o que penso.
Uma coisa é certa, o grande Turismo no Alentejo está aí. Os investidores virão, o mercado crescerá e as oportunidades para o pequeno turismo serão muitas e interessantes.
Há muito a fazer para podermos aproveitar, para promovermos mais profundamente o desenvolvimento das nossas cidades, vilas e aldeias.
E procurar apoios.
André Correia
publicado por alcacovas às 19:49