Quarta-feira, 30 de Abril de 2008

UMA VIAGEM A TIMOR - CONHECER O QUE SE PASSOU

 

A Ilha das Trevas
José Rodrigues dos Santos

Sinopse:


aulino da Conceição é um timorense com um terrível segredo. Assistiu, juntamente com a família, à saída dos portugueses de Timor-Leste e a todos os acontecimentos que se seguiram, tornando-se um mero peão nas circunstâncias que mediaram a invasão indonésia de 1975 e o referendo de 1999 que deu a independência ao país.

Só há uma pessoa a quem Paulino pode confessar o seu segredo - mas terá coragem para o fazer?

A vida e tragédia de uma família timorense serve de ponto de partida para aquele que é o romance de estreia de José Rodrigues dos Santos, precursor de grandes êxitos como A Filha do Capitão, O Codex 632 e A Fórmula de Deus.

 

Um romance pungente onde a ficção se mistura com o real para expor, num ritmo dramático, poderoso e intenso, a trágica verdade que só a criação literária, quando aliada à narrativa histórica, consegue revelar.

 

Retirado da Gradiva

 

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 10:20
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Discurso do Senhor Secretário da Assembleia Municipal - 25 de Abril

 

Exmº  Sr. Estêvão Pereira, Presidente da CM Viana do Alentejo

Exmº Sr. Pedro Andrade e Silva, representante do PCP

Exmº  Sr. Rui Gusmão, representante do PS

Exmº  Sr. António Costa da Silva, representande do PSD

Ás demais entidades aqui presentes

Minhas Senhoras

Meus Senhores

A Todos presentes.

Cabe-me a mim como representante e na falta do Sr. Presidente da Assembleia Municipal de Viana do Alentejo abrir esta sessão solene.

Não poderia eu de modo algum num dia de tamanha importância como é o de hoje, abrir uma cerimónia destas, sem deixar aqui expressas algumas palavras de desagrado ás actuais Politicas deste governo, em relação aos direitos adquiridos por parte das populações após o 25 de Abril de 1974 e que estão agora a ser retirados por os actuais governantes.

Estou-me a referir como todos vocês já se aperceberam ao encerramento desmedido por parte deste governo ás urgências nos Hospitais, postos da GNR, serviços de Finanças, entre outros serviços básicos e essenciais ás populações. Não posso nem podemos de modo algum compactuar nem ficar indiferentes a este tipo de ataques á democracia e a nos tirarem direitos adquiridos e indispensáveis ao nosso dia dia.

As Urgências no nosso concelho, estas já nos foram retiradas, temos que ir para Évora, e como se não fosse suficiente, ainda dificultaram também as credenciais para essas deslocações.

Os Postos da GNR, estamos em vias de perder o Posto de Alcáçovas.

Só não perdemos ainda porque a Junta de Freguesia de Alcáçovas tem juntamente com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo feito um esforço enorme para o Posto não fechar.

Os Serviços de Finanças vem na Comunicação Social que no nosso Distrito querem extinguir 32 dos 47 serviços existentes, restam 15.

Será que também nos irão encerrar as Finanças em Viana?

Outros Serviços básicos e essenciais para as Populações:

CTT, estão a privatiza-los, como vai ser a seguir o funcionamento? Quantas mais pessoas vão para o desemprego?

E o nosso registo civil o que dizer àquelas instalações?

Se um idoso precisar de ir lá a cima ou um deficiente, não vão certamente!

Já não falando das péssimas condições de trabalho que tem aquelas funcionárias.

E já agora não posso deixar de referir que somos o único Concelho do Distrito, que não podemos ir ao nosso Registo Civil fazer o cartão único, porque a máquina para fazer esse cartão não cabe nem na porta nem nas instalações já demasiado cheias.

Para terminar volto a repetir, são direitos adquiridos após o 25 de Abril de 1974, e pergunto será que alguém tem o direito de nos tirar o acesso a saúde, ou pôr em causa a nossa segurança?

Seja ele o Governo que for, estes são direitos do Povo!

Mesmo para terminar não posso deixar de agradecer aqueles Homens e àquelas Mulheres que tanto lutaram e sofreram, para que hoje nos seja possível estar aqui a manifestar as nossas opiniões, sem que amanhã sejamos levados pela polícia presos e torturados.

Muito obrigado a todos

Viana do Alentejo, 25 de Abril 2008

                    Secretário da Assembleia Municipal de Viana do Alentejo

Luis Miguel Fialho Duarte

 

Intervenção do Senhor Secretário da Assembleia Municipal de Viana do Alentejo na sua intervenção da sessão solene ocorrida no Cine-Teatro em Viana do Alentejo, no dia 25 de Abril de 2008.

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Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 00:11
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Terça-feira, 29 de Abril de 2008

1º TORNEIO DOS CAMPEÕES DE FUTSAL 2008 - SPORT CLUB ALCAÇOVENSE

 

Pela Direcção do SCA

 

António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 15:36
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ISTO NÃO É VERDADE

Boletim Municipal Nº 58 Abril/2008

Transcrição na integra do texto  apresentado na página 12 do referido Boletim Municipal:

"A Câmara Municipal de Viana do Alentejo já terminou a repavimentação de algumas artérias do Concelho. A intervenção começou já alguns meses e só agora ficou concluída com a repavimentação de algumas artérias na freguesia de Aguiar. Em Alcáçovas sofreram melhoria a Rua do Relógio, a Rua de S. Pedro, a Rua Nova e a Rua do Carmo, enquanto que em Viana do Alentejo foram a Rua dos Combatentes da Grande Guerra, a Rua Padre Américo, a Rua da Àgua Abaixo e ainda a Estrada de S. Pedro. A repavimentação destas artérias permite uma melhor circulação e responde a uma necessidade das populações. está ainda prevista a repavimentação de outras ruas assim que o tempo o permita. Ao mesmo tempo a Autarquia procedeu ao arranjo de bermas e passeios."

Porque  não está no texto o nome das Ruas de Aguiar que foram repavimentadas?

Porque este texto é uma grande mentira, pois nenhuma Rua de Aguiar sofreu qualquer repavimentação nos últimos tempos.

Como é possivel que sendo o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo o Director do referido Boletim permita que se publique esta grande mentira.

José Luís Rocha

Retirado do http://cidadeagar.blogs.sapo.pt/

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 12:08
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Imagens de Alcáçovas

Na Tasca Maravilha

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fotos de Fernando Moital no

 

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 11:57
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Bandeiradas

Ele há coisas do caraças. Segundo a BBC, foi descoberta na China uma fábrica que produzia e exportava bandeiras favoráveis à independência do Tibete.

A fábrica fica localizada na cidade de Guangdong, e os tipos da fábrica argumentam que pensavam estar a produzir uma bandeira cheia de cores muito bonita. Claro que isto tudo teve um início e foi um trabalhador da fábrica, agora desempregado, que ao ver a bandeira na televisão resolveu chamar as autoridades.
Depois da fábrica fechada, os gerentes declararam que estavam arrependidos e não iam voltar a produzir bandeiras pró-tibete. Eu também acho que não vão voltar a produzir essas bandeiras.
Visto no Piolho da Solum
Editado por António Costa da Silva
publicado por alcacovas às 11:26
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Banco Alimentar Contra a Fome

Enviado para Divulgação pela Terra Mãe

 

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 11:09
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Segunda-feira, 28 de Abril de 2008

Curiosidades



Para delírio do ESCULTOR, e risos da mãe!
Retirado ao http://cimitan.blogspot.com/
Editado por António Costa da Silva
publicado por alcacovas às 18:19
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Verde é a cor do dinheiro


A junta de freguesia da Ericeira foi multada em sete mil euros utilizar óleos reciclados para mover os carros do lixo, em vez de comprar combustíveis fósseis, pelo que o Estado se considera lesado. O presidente da junta, citado pela TSF, já garantiu que não vai pagar a multa.

Lê-se e não se acredita. Em vez de apoiar, ou pelo menos deixar em paz, quem não precisou de ficar à espera dos subsídios estatais para aplicar uma medida ambientalmente correcta, o Governo multa quem está a usar combustíveis verdadeiramente ecológicos (óleos reciclados). Tudo isto para respeitar uma quota, financiada pelos nossos impostos, com o embuste dos agrocombustíveis que estão a roubar espaço agrícola a outras produções alimentares e a contribuir para a crise alimentar que está à porta. O verde tem muitas tonalidades. Mas a cor do dinheiro dos impostos continua a ser a mais apelativa.

 

Retirado do http://zerodeconduta.blogs.sapo.pt/

 

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 18:11
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Mais de 70 pessoas passearam por Viana do Alentejo recordando o 25 de Abril

Mais de 70 pessoas passearam por Viana do Alentejo recordando o 25 de Abril

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Caminheiros d’Além-Tejo juntaram-se no histórico Monte do Sobral

caminhada_monte_sobral_026O grupo de caminheiros d’Além-Tejo, que congrega diversas pessoas da cidade de Évora, e que tem em comum o prazer de caminhar, juntou-se no passado dia 12 de Abril para fazer uma caminhada intitulada "Caminhada da Liberdade". O passeio foi feito por terras de Viana do Alentejo e com finalização no histórico Monte do Sobral, local onde se realizou, em 9 de Setembro de 1973, a reunião preparatória da revolução dos cravos.
Os tempos conturbados do antes, do durante e do pós 25 de Abril estão ainda bem marcados na memória do coronel Santa Clara Gomes, então capitão aquando da revolução. Actualmente com 62 anos, na reforma, o militar recorda com prazer os momentos vividos da passagem de um governo autoritário a um regime de liberdade. E só por isso, disse ter valido a pena fazer a revolução. Passados 34 anos afirmou que o saldo é positivo, embora ainda haja alguns sectores da sociedade que entende que deveriam ser melhorados. Em seu entender, os portugueses têm ainda que aprender a evoluir, a responsabilizar os políticos, a exigir e a cobrar as promessas eleitorais.
Basta olhar para o país e ver que uma coisa está instituída e que é a democracia formal, burguesa, representativa. A democracia existe e está para ficar. No que concerne os avanços sociais, todas as sociedades têm avanços e recuos. Alguns acham que fomos muito à frente, outros pensam que deveríamos ter ido ainda mais.
 
Mas, para mim, o fundamental é a consolidação da democracia, a integração de Portugal no conselho das Nações Unidas, numa Europa cada vez mais unida e cada vez mais de referência. No entanto, não posso deixar de afirmar que ainda não se erradicou a miséria, a precariedade do trabalho é outro problema grave e angustiante que não permite ter estabilidade. Agora em termos de qualidade de vida não há dúvida de que a maioria da população evoluiu bastante.
 
Em termos de acesso à cultura, penso que não temos sabido criar talvez o amor pela história, pela cultura, pelo conhecimento das ciências. As pessoas têm, hoje, uma certa tendência para saber o menos possível, isto não é o lamento de um velho, mas sim uma constatação. Cresceu-se muito na escolaridade, universidades há muitas, públicas e privadas cuja qualidade é vista de muitas formas Mas de qualquer modo, penso que o saldo é positivo ao fim de 34 anos.
 
Falar da revolução sem abordar a questão da descolonização é inadmissível. Em seu entender como foi todo esse processo?
 
A descolonização não correu como ninguém desejava, inclusivamente os próprios países. Eu estava em Paris a assistir a uma conferência e ouvi um oficial angolano a falar e nunca mais me esqueci do que ele disse. O próprio oficial afirmou que a descolonização tinha sido muito apressada, deixando o caos atrás de si. Quando delineámos o plano das forças armadas, nós preparávamo-nos para encetar conversações e fazer uma transição pacífica do poder.
 
O que é certo é que as coisas precipitaram-se e isso aconteceu quanto mais foram retardadas. Na Guiné, em 73, ainda se fizeram tentativas de conversações, mas eram sistematicamente repudiadas e perseguidas pelo regime instituído. Rompidas todas as pontes para o diálogo, obviamente chega-se aos extremos e quando aí se chega, é difícil controlar. Quanto mais se vai adiando a situação, mais se vão extremando as posições e quando isso acontece quem manda são os extremistas.
 
 
Esta iniciativa integrou-se no plano de actividades deste grupo de caminheiros, que já vai na sua 80.ª caminhada, aliando o prazer de caminhar à recordação da revolta do 25 de Abril e dos seus princípios basilares.
 
De acordo com Tito Godinho, um dos organizadores e membro deste grupo, "a ideia partiu de um nosso companheiro e logo foi acolhida por todos, visto que a maioria deste grupo são pessoas na casa dos 50 anos que viveram o tempo de passagem da ditadura e do fascismo para a liberdade". "A cereja no topo do bolo" foi a vinda de um capitão de Abril, agora coronel Santa Clara Gomes, que esteve presente nessa reunião no Monte do Sobral, e que partilhou com os caminheiros os tempos agitados da revolução.
 
A caminhada juntou mais de 70 pessoas e foi vivida "intensamente por todos nós que cultivamos a forma de estar na vida da solidariedade e da fraternidade, do gosto de caminhar e da liberdade". Instado sobre se esses princípios estão consolidados, Tito Godinho afirmou que "há questões fundamentais de justiça social e de uma sociedade proclamada pelo Movimento das Forças Armadas e por outras forças políticas que ainda estão hoje longe de estar consolidadas".
 
Em seu entender, as diferenças sociais "são cada vez maiores, o fosso entre os ricos e os pobres – um dos princípios da revolução era acabar com isso continua a existir", salientando a existência ainda de situações de "precariedade, de injustiça, inclusivamente de alguma ameaça da liberdade sobre formas encapotadas".
 
Entrevista ao coronel Santa Clara Gomes, um dos capitães de Abril
"Fiz a revolução quando achava que a devia fazer, já posso morrer sossegado"
 
Porque é que escolheram o Monte do Sobral para fazer a reunião?
 
 
 
Nessa altura havia um movimento de pessoas contra o regime e os donos da herdade também não eram particularmente afectos ao regime. Portanto, precisávamos de um sítio onde pudéssemos juntar muita gente, mas que não desse nas vistas. Não podia ser numa cidade, nem numa vila porque naquele tempo não havia liberdade de associação, como tal houve a oferta desta herdade e o pessoal juntou-se aqui. Primeiro combinámo-nos encontrar em Évora, junto ao Templo Diana, antes de partirmos para aqui, mas apareceu o segundo comandante da região militar à paisana, mais outro oficial, a perguntarem o que é que faziam ali tantos militares e então tivemos que vir de imediato para aqui.
 
Quantos capitães estiveram presentes?
 
Juntámos perto de 200 pessoas e após a reunião fizemos um abaixo-assinado que entregámos às altas autoridades militares. Depois de tanto secretismo, toda a gente assinou e deu a cara pela causa da liberdade. Considero a vinda ao Monte do Sobral como um momento importante porque marca o momento em que se passa de uma questão meramente corporativa para uma abordagem mais aprofundada, deixando assim de ser um movimento tão clandestino.
 
Após a entrega desse abaixo-assinado houve algum tipo de represálias?
 
Represálias não houve porque fazer represálias sobre a coluna vertebral do exército era complicado. Entretanto, o movimento foi-se politizando mais com vista a promover o debate público para que o povo português decidisse o seu destino. Com o 25 de Abril toda a gente contestou quer o regime, quer a guerra.
 
Como recorda o dia da revolução?
 
Eu estava em Lisboa, na Unidade de Serviço do Quartel General da Pontinha. A minha função foi tratar da ligação entre várias unidades, tinha que distribuir as ordens, os códigos, os elementos de coordenação, de maneira que eu só sabia das unidades que estavam à minha guarda. Portanto, não assisti in loco, como se estivesse no Carmo a comandar uma unidade militar. Não obstante, durante os dias seguintes fui à cama muito poucas vezes e durante bastante tempo não podia ouvir um foguete que ia logo à rua a correr para ver o que se estava a passar. Isso foi um pouco desgastante e traumático para toda a gente que viveu tudo isto intensamente, sobretudo até que o processo se consolidasse. O dia 25 de Abril foi um dia muito comprido. Só sei que fiz a guerra quando achei que a devia fazer, fiz a revolução quando achava que a devia fazer. Já posso morrer sossegado.
 
Saldo positivo passado mais de três décadas
Passados 34 anos, os princípios do 25 de Abril estão consolidados?
 
 
Retirado do Diário do Sul
 
Editado por António Costa da Silva
publicado por alcacovas às 18:03
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Discurso do Senhor Presidente da Câmara Estevão Pereira - 25 de Abril

Exmº senhor Secretario da Assembleia Municipal do Concelho de Viana do Alentejo

Exmº Senhor Representante da CDU

Exmº Senhor Representante do Partido Socialista

Exmº Senhor Representante do Partido Social Democrata

Exmos Senhores Presidentes das Juntas de Freguesia de Aguiar, Alcáçovas e Viana do Alentejo

Exmºs Senhoras e Senhores Eleitos

Caros representantes do Movimento Associativo do Concelho

Caros colegas Vereadores da Câmara Municipal

Minhas Senhoras e meus Senhores

Caros amigos

Em boa hora a Câmara e a Assembleia Municipal avançaram com a realização desta sessão para evocar a passagem do 34º aniversário do 25 de Abril de 1974. Se mais razões não existissem, só pela pluralidade das abordagens aqui expressas e pela amplitude das mesmas, ficava mais que justificada a oportunidade desta evocação.

Permitam-me 2 referências prévias que se justificam tendo em conta, por um lado a intervenção do Partido Socialista e em concreto a estória que nos deixou, e por outro uma referência feita pela intervenção do Partido Social Democrata.

A primeira nota é suscitada pela referência histórica a este mesmo espaço onde nos encontramos, o Cine Teatro Vianense, com toda a carga simbólica que teve e tem em gerações de Vianenses.

Às vezes uma não verdade repetida muitas vezes, quase que se pretende transformar em verdade quando assim não é.

A pretexto do papel que este mesmo edifício teve no tempo do antigo regime, gostaria uma vez mais, hoje perante esta plateia, de procurar clarificar o sentido da frase que se encontra inscrita na placa que foi descerrada a quando da inauguração da recuperação do cineteatro Vianense “a devolver ao povo o que nunca lhe pertenceu”.

Não obstante as diversas vezes em que já tentei esclarecer, sistematicamente há sempre quem não queira ouvir e pretenda continuar a sustentar a “sua verdade”.

O Cineteatro sempre foi propriedade privada, desde a sua construção por Jesuino Simões passando pelo Srº Tomáz Baião e Familia. Independentemente desse facto, este edifício desde sempre foi apadrinhado e acarinhado pelo povo desta terra como se fosse seu. Gerações sucessivas de Vianenses que por aqui participaram em espectáculos, cinemas, bailes, discoteca, bares etc. sempre tiveram um sentimento especial em relação a este edifício como se ele fosse propriedade do povo.

Quando a Câmara o adquiriu e anos mais tarde teve condições para o renovar e reequipar com meios mais modernos, este edifício que sempre foi sentido como sendo de propriedade do povo, passou então efectivamente a pertencer-lhe, tendo em conta que os bens da autarquia são os bens de toda a população. Quando se diz que estamos a devolver ao povo é exactamente com este sentir que nos vem de anos e anos de utilização colectiva desde mesmo espaço. O sentimento foi e é apenas este, sem nunca ter pretendido ter os contornos que algumas pessoas entenderam por bem dar-lhe.

A propósito da intervenção do PSD e de notícias que deram a informação de uma investigação que a polícia judiciária está a efectuar á Câmara de Viana, importa esclarecer com objectividade a verdade dos factos. A Câmara foi abordada pela Policia que nos informou que, devido a uma denúncia anónima, estava a realizar uma investigação às relações comerciais entre a autarquia e uma empresa prestadora de serviços. Foram-nos pedidos fotocópias de documentos desta relação comercial que dois dias depois já estavam prontos. Dias mais tarde estes mesmos documentos foram recolhidos e acreditamos que quem tem que fazer o seu trabalho o estará a fazer dentro das regras. Estamos a aguardar os desenvolvimentos que eventualmente este procedimento possa vir a ter. Qualquer coisa que se diga a mais é pura especulação e não entronca em qualquer verdade dos factos.  Sabemos que outras estórias estão a ser contadas, apimentadas e que quem as conta a seguir não se limita a reproduzir o que ouviu. Parece que só tem piada se lhe for acrescentado mais qualquer coisa. Talvez, antes de se proferirem certas afirmações se devesse pensar que estamos a falar de seres humanos, com sentimentos e com família.

 

 

 

Caros amigos

Fazer hoje, 34 anos após o 25 de Abril de 1974, uma reflexão sobre este mesmo dia e a importância que teve e tem no Portugal de hoje é uma tarefa que se me afigura um pouco dualista. Por um lado foi esse o dia maior para a nossa democracia, libertou-nos de 48 anos de uma ditadura que nos oprimiu e reprimiu, acabou com a opressão de outros povos e pôs fim às guerras coloniais onde gerações de jovens foram sucessivamente perdendo a inocência e tantos a própria vida.

Foi no pós 25 de Abril que Portugal se abriu ao mundo. A educação procurou alargar as suas bases, o serviço nacional de saúde foi instituído, a segurança social procurou chegar a um número maior de Portugueses que até ai não encontravam qualquer tipo de protecção no Estado, ficando á mercê da caridade dos mais abastados nos momentos mais aflitivos das suas vidas. As pessoas puderam vir para a rua, expressar livremente as suas opiniões, dar vazão a anos e anos de opressão onde nada se podia fazer ou dizer.

Este tempo marcou claramente a diferença com o que passava até então. Nunca será demais recordar, nomeadamente para as gerações mais jovens, que antes do 25 de Abril coisas tão simples e tão básicas como conversar na rua em grupo ou cantar com os amigos estava vedado a todos. As mulheres não se podiam ausentar do País sem autorização da figura masculina (pai ou marido) e inúmeros direitos lhes estavam inacessíveis. Nunca será demais recordar que gerações de jovens cresceram com a angustia de ir para a guerra e na qual muitos perderam a vida tendo ficado muitos mais estropiados para o resto das suas vidas. Era toda esta a envolvência da sociedade Portuguesa da época e de cujo fim o povo tinha com toda a justiça razões de festa e de comemoração. E o povo livremente saiu á rua.

Foi bom este tempo, foi muito bom.

Penso que aconteceu efectivamente uma revolução em Portugal, não violenta e praticamente sem consequências físicas, mas ainda assim uma revolução. Não se tratou de uma mera evolução como às vezes se pretende fazer querer, tanto mais que os protagonistas do antigo regime não davam mostras de querer afrouxar a pressão sobre o povo, tudo fazendo para manter o controlo férreo do estado.

Será que hoje em dia ainda podemos manter o mesmo sentimento perante tudo o que vemos á nossa volta?

A educação parece ter-se transformado num gigantesco laboratório onde cada Governo, cada Ministro se parece sentir á vontade para fazer todas as experiencias que entende, sem gastar um pouco de tempo a reflectir sobre as consequências que inevitavelmente irá provocar. Depois todos ficam muito preocupados quando os incidentes das salas de aula chegam ao conhecimento do grande público, via comunicação social. O Incomodo é mesmo só porque “saiu” de onde habitualmente está porque lá dentro é bem conhecido de todos.

A segurança Social de hoje parece estar totalmente na linha das teses neo-liberais que procuram o desmantelamento das estabilidades laborais, provocando a precarização do emprego e dessa forma tornar ainda mais dependentes todos aqueles que apenas têm a força do seu trabalho para assegurar a sua subsistência. As mudanças nas regras das reformas, o baixar sucessivo das prestações sociais, as limitações aos subsídios de desemprego, o travão no acesso aos programas de apoio ao arrendamento por jovens são apenas diferentes formas que a mesma politica assume, sempre na mesma lógica de degradação da intervenção do estado.

O serviço nacional de saúde foi uma das grandes conquistas que o 25 de Abril nos trouxe. E hoje como está? Estamos a assistir também aqui a uma intervenção no sentido do retrocesso desta área fundamental para a população. São os encerramentos de centros de saúde e Urgências um pouco por todo o pais, de maternidades publicas que são “obrigadas” a fechar porque não têm o numero de partos suficientes e em simultâneo são autorizadas maternidades privadas a abrir exactamente no mesmo local, dos SAP como no caso de Viana do Alentejo onde com as alterações introduzidas diariamente há cidadãos deste Concelho que não têm acesso aqui a cuidados médicos, tendo obrigatoriamente que se deslocar a Évora e dessa forma suportar todas as despesas inerentes á sua condição de doente, seja o transporte para o hospital sejam as taxas que entretanto já lhe passam a ser cobradas.

Sou de opinião que todas estas linhas vão no mesmo sentido, que nada está a ser feito ao acaso e que no fundamental visam desmantelar o estado providência, criação do 25 de Abril de 1974 que criou melhores condições de vida para milhares de trabalhadores Portugueses, melhores condições no acesso á educação e mais e melhor liberdade para todos nós.

Se por um lado tudo isto nos foi dado, também não é menos verdade que está a ficar cada vez mais forte um sentimento de que uma boa parte disso nos está a ser levado.

Parece que passados este anos, com todos estes retrocessos a que a nossa sociedade continua a assistir, continua a faltar cumprir Abril.

Não deve certamente ter sido este o espírito que norteou os capitães de Abril quando de uma forma corajosa assumiram que era preciso mudar o País. Não é certamente do agrado de uma faixa cada vez maior da população Portuguesa a situação em que fundamentalmente as funções sociais do Estado se encontram.

Na lógica das Autarquias os cenários também já viveram melhores dias. Estamos presentemente confrontados com uma nova lei de Finanças Locais que por enquanto ainda está de certa forma mascarada mas que assim que caírem as cláusulas travão que estão a impedir que todos os seus aspectos mais maléficos para o poder local entrem totalmente em vigor, vai criar dificuldades acrescidas a muitas Autarquias do País, as mais pequenas, aquelas que já têm naturalmente mais dificuldades.

Está em marcha uma tentativa de deslocar responsabilidades para as autarquias, nomeadamente na área da educação, sem que estejam acauteladas as questões mais importantes de todas e que são: que modelo de escolas pretendemos? Que educação pretendemos? Aparentemente assistimos a uma tentativa de contratualizar com alguns municípios tarefas neste sector quase á peça. Sou daqueles que penso que em matérias tão fundamentais como a educação as competências devem ser universais, procurando dar o mais possível condições de igualdade a todos os jovens Portugueses e que não devem ser tratadas de forma casuística, ao sabor das conjunturas.

Acredito convictamente que é pela via da educação que será possível criar uma sociedade mais justa, mais fraterna, porque será mais informada, mais esclarecida e mais interventiva.

Acredito também que nessa sociedade a cidadania plena pode ser alcançada, e fruto da boa educação e formação, todas as pessoas saberão respeitar o seu próprio papel e nessa medida saberão também respeitar o papel do outro. È neste ponto critico do respeito pelo outro que na minha opinião muito ainda falta fazer por Portugal e pelos Portugueses.

A desinformação, o boato, a arruaça, o procurar cilindrar tudo e todos os que se encontram á nossa frente tantas e tantas vezes em nome de interesses inconfessados, significa antes de tudo o mais um enorme sinal de fraqueza e de incapacidade de assumir as nossas próprias responsabilidades.

Numa sociedade mais evoluída, as pessoas serão mais responsáveis e serão certamente capazes de assumirem as suas opiniões.

È certamente tarefa de todos nós e da qual ninguém se deve demitir. Cada um ao seu nível importa assumir a nossa intervenção e procurar conduzi-la ao serviço deste desígnio que para mim é nacional.

Tenho para comigo que quando assim for, um dos pilares fundamentais onde assentou a ideia do 25 de Abril, da revolução dos cravos, estará finalmente concretizado.

Viva um Concelho de Viana do Alentejo mais evoluído e mais frontal

Viva o 25 de Abril

Muito Obrigado a todos

Intervenção do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo na sua intervenção da sessão solene ocorrida no Cine-Teatro em Viana do Alentejo, no dia 25 de Abril de 2008.

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Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 17:11
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Domingo, 27 de Abril de 2008

1º TORNEIO DOS CAMPEÕES DE FUTSAL 2008 - SPORT CLUB ALCAÇOVENSE

 

Editado pela Direcção do SCA

 

António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 23:16
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Merda - A palavra mais versátil da língua portuguesa!

Se pensarmos bem, chegamos à conclusão de que "merda" , deve ser a palavra mais versátil da língua portuguesa! O uso do vocábulo " merda" é uma questão de educação.Ninguém pode negar que a utilizamos em variadíssimas circunstâncias e em relação a muitíssimas coisas.

Por exemplo:
Orientação geográfica:
- Vai à merda!
Adjectivo qualificativo:
- Tu és uma merda!
Momento de cepticismo:
- Não acredito nesta merda!
Acidente:
- Já fizeste merda!
Desejo de vingança:
- Vou fazê-lo em merda!
Efeito visual:
- Não se vê merda nenhuma!
Sensação olfactiva:
- Cheira a merda!
Dúvida na despedida:
- Por que é que não vais à merda?
Especulação de conhecimento:
- Que merda será esta?
Momento de surpresa:
- Merda!
Sensação gustativa:
- Isto sabe a merda!
Desejo de ânimo:
- Anda-me rápido com essa merda!
Situação de desordem:
- Isto está uma merda!
Rejeição,despeito:
- O que é que esse merda pensa!
Para descbrir o paradeiro de qualquer coisa:
- Não sei onde foi parar aquela merda!
Interjeição comum:
- Mas que merda!
A crise das 17:30h:
- Vou-me embora desta merda!
Futebol:
- Esta merda parece o teu clube!

 

Retirado do http://opiolhodasolum.blogspot.com/

 

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 16:21
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Sábado, 26 de Abril de 2008

Ainda sobre a Final da Taça de Évora

 

Atlético faz história: primeira dobradinha da história do clube

Atlético 7 - 0 Alcaçovense

As finais são para se ganhar e foi isso que a nossa equipa fez na tarde cinzenta e chuvosa de Sábado, diante do Alcaçovense, equipa da 1ª Divisão que tudo fez para contrariar o maior favoritismo do ATLÉTICO mas que se mostrou impotente para travar o nosso melhor conjunto.

Muita expectativa, público, emoção, enfim houve tudo para ser uma grande festa. E foi na realidade uma enorme festa para todos. Pena é que as condições disponibilizadas para o público e principalmente para a nossa equipa, tenham ficado muito aquém do esperado. A equipa do ATLÉTICO equipou-se num mini balneário… no pavilhão em duas salas.


Não havia necessidade! Há outras infra-estruturas no distrito para receber este jogo.

Mas deixemos isso porque o que conta é o futebol dentro do campo e ambas as equipas proporcionaram uma boa partida, sempre com maior domínio do ATLÉTICO que paulatinamente foi justificando esse domínio com golos.

O herói da tarde foi LUIS CANHOTO, autor de quatro golos e outras tantas oportunidades desperdiçadas.

A resistência do Alcaçovense durou até à meia horas, altura em que CRAVOSA fez um raid pela direita e bateu o guarda-redes adversário. Estava dado o mote para um resultado expressivo.

Antes do intervalo, o ATLÉTICO fez o segundo golo e terminou com as esperanças do Alcaçovense em vencer o troféu e a tranquilidade era agora o melhor aliado da nossa equipa.

Na segunda parte, os golos foram aparecendo com naturalidade mercê do bom futebol praticado, bola na relva, de pé para pé e sempre que possível, com velocidade.

CANHOTO voltou a marcar aos 54 e 71 minutos. O quinto golo foi marcado por um defensor do Alcaçovense na própria baliza e já com o adversário sem forças, LUIS CANHOTO e PEDRO BARONA fecharam a contagem no 7 – 0 final.

Uma palavra de grande apreço para o Alcaçovense, pela dignidade demonstrada ao longo do jogo, um factor que engrandece a nossa vitória.

Excelente arbitragem de Joaquim Rabasqueira, Valter Rufo e Bruno Rebocho, num jogo em que Carlos Rodrigues foi o quarto Árbitro.

Alinharam de início: RUI PANAÇA, CRAVOSA, ROBERTO, PEDRO BARONA, PAULO SÉRGIO, CESAR, PAULO BENTO, VASCO, MAGALHÃES, LUIS BARRY e LUIS CANHOTO.

Entraram ANDRÉ, ANTÓNIO e NELSON MACHGADO para os lugares de ROBERTO, MAGALHÃES e PAULO BENTO.

Domingo, pelas 16 horas em São Manços, joga-se a partida adiada da jornada 23 frente à equipa local onde o objectivo é continuar a ganhar.

Retirado do Site do Atlético de Reguengos

 

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 13:09
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ANIVERSÁRIO GRUPO CORAL FEMININO PAZ E UNIDADE

 

Enviado para o meu mail para divulgação

 

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 12:53
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O Nascer de uma Tradição

Foto: Francisco Fadista

Está aí mais uma edição da “Romaria a Cavalo”.


Sem questionar o direito que os seus participantes têm de se passear a cavalo – por caminhos normal e muitas das vezes abusivamente interditos ao comum dos mortais –, gostaria aqui de tecer algumas considerações sobre a putativa antiguidade desta cavalar passeata.

Afirma-se no “site” oficial da Câmara Municipal da Moita, um dos seus promotores, que a romaria “(…) retoma uma tradição comum aos dois concelhos que data do século passado e que consistia na deslocação de lavradores do Município da Moita ao Santuário de Nossa Sr.ª D’Aires, em Setembro, fazendo o percurso pela antiga Canada Real, através de quintas e caminhos de terra batida, para que os seus animais fossem benzidos durante a procissão em honra de Nossa Sr.ª D’Aires, padroeira dos animais, e para pedir ainda boas colheitas para a sua agricultura.”

De facto o Santuário de Nossa Senhora d’Aires constituiu-se, sobretudo durante os séculos XVIII e XIX, como um destino privilegiado de culto e romagem popular. As “Memórias Paroquiais” de Viana do Alentejo, redigidas em 1758 pelo Padre José Peres Maciel, dão-nos conta dos lugares de origem e datas dessas festividades:

“(…) Há da villa de Alcácer do Sal, pelo Spirito Santo
A dos pastorez em dia de Sam Bartholomeu
A da villa do Torrão em dia incerto
a desta villa de Vianna no dia outo de Setembro
A da aldeya da Cuba no dia nove do dito mez
A da cidade de Beja no Sábado immediato
A da cidade de Évora no quarto domingo de Setembro,
e he romagem de tanto concurso que tem havido annos
que se tem orsado, em dez, the doze mil pessoaz (…)
e a que vem acrescentar a confraria
de Montemor o Novo, na Segunda feira immediata
As de Villa de Fradez, e da Vidigueira, vão em Outubro
mas em dia incerto
A da villa de Alvito vay no Domingo da Trindade;”

O culto mariano a Nossa Senhora d’Aires tinha pois uma área de influência com cerca de cinquenta quilómetros de raio, indo de Alcácer do Sal a Beja, mas predominando para sul. Sendo que o conceito de romaria implica alguma organização, existiam em todas essas localidades, como também nos dá conta as referidas “Memórias”, confrarias de Nossa Senhora d’Aires.


Mais tarde, já no século XIX, com o fim do antigo regime (1820) e a perda de influência da Igreja, algumas dessas romagens deixaram gradualmente de se realizar.


Nos inícios do século XX, para além da romaria de Évora (que se tinha entretanto transformado na Feira d’Aires), apenas sobreviviam a “Festa dos Lavradores”, no quarto domingo de Agosto e a romaria de Viana, em 8 de Setembro, agora chamada de “Festa do Povo”. Já muito pouco concorridas, mobilizando apenas as gentes das redondezas mais próximas, tudo indica ter sido 1929 o último ano em que estas festas ocorreram.

Foto: Miguel Figueira - Feira de Aires – 1947

Cerca de duas décadas depois, em meados da década de cinquenta, chega a Viana o Padre Venceslau de Almeida Gil. Reactiva então a Festa dos Lavradores, de que tinha ouvido falar, mudando-lhe a data para o quarto domingo de Abril. Segundo testemunhos orais que recolhi fá-la-ia assim coincidir, o mais possível, com a data do seu próprio aniversário (30 de Abril) e já agora com a de alguém que ele muito admirava: Salazar (28 de Abril).

Nas fontes documentais e bibliográficas que temos vindo a consultar – manuscritos antigos, corografias, periódicos -, não constam quaisquer referências, ainda que vagas, a uma romaria vinda das bandas da Moita. Sendo que, segundo os seus promotores, deslocava largas centenas de pessoas e cabeças de gado (!!), a sua memória deveria de ter documentalmente perdurado. O que não sucedeu.

Foto: Francisco Baião

Mas o próprio Santuário detém um registo fabuloso da sua actividade ao longo dos séculos: a enorme colecção de ex-votos que se alinham pelas paredes dos seus corredores laterais. Uma breve observação da origem geográfica dos ofertantes revelar-nos-á a ausência de exemplares vindo da Moita. Ora, a ter alguma vez existido a tal tradição moitense, ela estaria seguramente fixada e atestada num ou noutro ex-voto mais antigo. Mas não está.

Feira de Aires – 1947

Por fim uma breve nota sobre a pretensa vocação de Nossa Senhora d’Aires como protectora de animais. É por todos sabido que a protecção das irracionais criaturas pertence a S. Francisco de Assis, a S. Mamede e a um punhado de outros santos, mas nunca à Virgem Maria. E também aqui, a ser verdade esse protectorado, ele estaria reflectido nos ex-votos. Mas o certo é que apenas uma meia-dúzia deles, entre milhares, testemunham animais miraculados. A grande maioria, quase a totalidade, convoca protecção para a doença, para a guerra, para o sofrimento humano.

Temos pois vindo a assistir, nestes últimos oito anos e até prova cabal em contrário, ao “nascimento de uma tradição de natureza religiosa”. Paradoxalmente acarinhado e promovido por duas autarquias que se dizem de esquerda.


Francisco Baião / Viana do Alentejo

Retirado do Blog http://www.vianadoalentejo.blogspot.com/

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 12:29
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Sexta-feira, 25 de Abril de 2008

Discurso do Senhor Vereador Rui Gusmão

Senhoras e senhores:

MUITO BOM DIA

Tomei a liberdade saudar os presentes deste modo informal, porque celebrar o 25 de Abril é celebrar a liberdade que me permite tratá-los a todos por igual.

Viva o 25 de Abril, viva a liberdade!

O 25 de Abril de 1974 é sinónimo de Revolução dos Cravos que nos libertou de uma ditadura Fascista/Salazarista, que oprimiu e reprimiu Portugal durante 48 anos.

Para aqueles que têm memória daquele tempo (eu tenho) e, para os outros que já ouviram falar da ditadura, permitam-me recordar esse tempo – o tempo do Portugal do Estado Novo, liderado por Marcelo Caetano e Américo Tomás.

-         Era o Portugal “orgulhosamente só”, isolado do mundo, descredibilizado internacionalmente, devido a uma guerra colonial opressora de outros povos.

-         Era o Portugal triste que via partir os seus jovens para uma guerra injusta que ia ceifando a vida de alguns desses jovens que deixavam em situações muito dramática jovens viuvas, filhos órfãos e famílias enlutadas. Dos que regressaram, havia quem viesse ileso, outros com mazelas visíveis e, outros ainda, fisicamente ilesos, mas com traumas de guerra – muitos destes ainda hoje andam à procura de um rumo para a sua vida.

-         Era o Portugal sub-desenvolvido, sem esquemas de protecção social.

-         Era o Portugal da caridadesinha, da esmola aos pobres, da solidariedade entre os mais necessitados. Não havia Lares da 3ª Idade, os idosos ficavam em casa e através dos filhos ou da boa-vontade e boas relações de vizinhança lá iam sobrevivendo em casa. Normalmente doentes e em fase terminal, eram acolhidos no Hospital da Misericórdia, aguardando aí o fim dos seus dias. Não havia Centros de Saúde, havia o Dr. Garrido (grande homem da oposição ao regime e que por isso nunca chegou a ser Delegado de Saúde) sempre pronto a ir a casa dos doentes, quando não podiam deslocar-se ao seu consultório, o Dr. Pinheiro médico da Caixa e a irmã Maria das Neves que mesmo sem ter curso nenhum de enfermagem estava sempre disponível como parteira e enfermeira. Um sem número de Vianenses, ainda hoje, recorda com orgulho  terem vindo ao mundo com a ajuda desta Irmã.

-         Jardins-de-infância, *(não foi dito na intervenção mas é de toda a justiça dizer que a Creche desempenhava estas funções) eram uma miragem, as escolas eram poucas e liceus e escolas industriais só nas sedes de distrito. Universidades só em Lisboa, Coimbra e Porto.

-         Havia uma elevada taxa de analfabetismo, mão-de-obra barata e sem qualificações que era explorada por latifundiários e capitalistas – quem não se lembra do Jorge de Brito e do Jorge de Melo?

-         Era o Portugal dos três Fs Fátima, Futebol e Fado

-         Era o Portugal da União Nacional e da PIDE/DGS repressora dos velhos republicanos, dos comunistas, dos socialistas, dos liberais ou daqueles que se atreviam a pensar e questionar algumas injustiças. Quem não era pela União Nacional era contra a União Nacional.

 

A propósito da PIDE permitam-me evocar um episódio que ocorreu neste local onde estamos a celebrar o 25 de Abril, quando o senhor Tomás do Espírito Santo Baião(Zico) era proprietário do Cine-Teatro de Viana do Alentejo.

Este episódio foi-me contado na primeira pessoa pelo Xico Zé Baião, pelo Luís Branco(Bife) e pelo Pacheco que a vivenciaram.

Apesar de repressora a “velha senhora” condescendia que as hostes oposicionistas se reunissem por ocasião das comemorações no 5 de Outubro e 31 de Janeiro. Estas comemorações ficavam bem ao Estado Novo que até dava um ar de democrata e podiam afirmar “eles até se reunem “.

Num desses jantares do 5 de Outubro, o Xico Zé conhece o Zeca Afonso, o  Carlos Moniz, a Maria do Amparo e o Zé Jorge Letria que tinham sido trazidos pelo Francisco Pinto de Sá, de Montemor, de quem eram grandes amigos.

Não há dúvida que a música de intervenção esteve sempre ligada à resistência e não é por acaso que as canções “E Depois do Adeus” e “Grândola, Vila Morena” entre outras simbolizam o 25 de Abril.

Aproveitando esta oportunidade e tendo em conta que o Cine-Teatro de Viana pertencia à sua família, o Xico Zé pensa em organizar um espectáculo de “Canto Livre” com o Zeca e acompanhantes daquela noite e ainda com o Grupo Coral dos Vindimadores da Vidigueira liderado por Manuel João Mansos. É constituída uma comissão organizadora com o António Murteira (mais tarde funcionário e deputado do PCP na Assembleia da República), o Luís Branco (Bife) um jovem empregado de escritório e pelo Xico Zé, um estudante liceal de 16 anos.

A sessão ficou agendada para 3 de Março de 1973 – sábado, sempre com a ideia de que tal evento nunca chegaria a ser realizado porque nem sequer iriam obter as necessárias autorizações, cuja licença teria que ser dada pela Câmara. Coube ao Luís, encarregar-se de tratar deste assunto e por incrível que pareça o espectáculo foi autorizado. Feliz coincidência a do chefe de secretaria que por inerência era o delegado da Direcção de Serviços de Espectáculos estar de férias e o substituto o António Duarte, desconhecia da interdição a que estavam sujeitos aquele naipe de artistas – este descuido ia-lhe custando o emprego. 

Os prospectos de divulgação, elaborados na Tipografia Diana, são titulados de “espectáculo de variedades” e conseguiram meia dúzia de linhas, sobre o evento, no Diário de Lisboa e na República. Organizaram uma excursão Évora – Viana ao preço de 20$00 que incluía o bilhete para o espectáculo e alugaram uma camioneta nos Belos. O bilhete para a entrada custava 10$00.

É claro que a “velha senhora” não estava a dormir e por esta altura já o Andrade tinha sido obrigado a interromper as férias e a dois dias do evento com a lotação quase esgotada manda chamar o Luís para o avisar que o espectáculo não estava autorizado, que faltava um documento com o nome das músicas e outro que identificasse os organizadores, uma vez que não dependia dele, mas de “instâncias superiores”. É claro que na véspera das “variedades” os referidos documentos são entregues e é lógico que canções como “Menina dos Olhos Tristes”, “A Morte Saiu à Rua”, “Os Vampiros” ou “O Tango dos Pequenos Burgueses” não figuravam no rol de canções. Este era um verdadeiro exercício de auto-censura, comum naquela altura entre os resistentes.

Chega sábado e a pacata vila de Viana começa a encher-se de gente, a Praça da República com gente estranha guedelhudos, de mochila às costas e, à medida que se aproxima a hora do espectáculo as imediações do Cine-Teatro iam-se enchendo com esta gente.

Os organizadores suspensos da decisão de autorização do “espectáculo”  pois o Andrade estava incontactável e morava em Évora e mesmo a intermediação do Presidente da Câmara José Carlos Guerreiro Duarte resulta infrutífera. Ainda hoje, os organizadores desconhecem se a sessão foi ou não autorizada pelas “instâncias superiores”.

Sabiam que a GNR tinha recebido reforços de Évora e de localidades vizinhas que entretanto controlavam as entradas e saídas da Vila, na tentativa frustrada de barrar a entrada do carro onde vinha o Zeca. A excursão organizada que trazia a estudantada de Évora é confundida com a camioneta da carreira regular dos “belos” e consegue passar despercebida.

A PIDE também já cá estava, já tinha sido identificado o conhecido VW 1200 esverdeado de matrícula FE-52-24.Sentia-se a tensão a crescer e em frente do Cinema aguardando o início do espectáculo aglomerava-se muita gente o que já por si era um acto de resistência. O inspector Melo e seus agentes posicionaram-se em frente ao Cine-Teatro e começam aos berros mandando dispersar a multidão porque eram proibidos ajuntamentos na via pública. Entre a multidão um jovem tocava flauta e o pide irado com tal afronta, arrancou-lha das mãos e espezinhou-a violentamente. Era um homem gordo de pistola em punho aos pulos em cima da inocente e indefesa flauta. Descontrolado dispara um ou dois tiros para o ar e o povo acaba por dispersar e não houve “espectáculo”, acabando os organizadores a noite detidos no posto da GNR, para interrogatório.

Este episódio não é inventado e chega mesmo a ser mencionado por Adriano Correia de Oliveira, conforme vem documentado neste livro (fascículo 6 da colectânea de Adriano Correia de Oliveira, publicada pelo jornal Público).

Mais tarde, em Outubro de 1973, nesta mesma casa, realiza-se um comício do MDP/CDE .

Quando se dá o 25 de Abril de 1974 esta casa de espectáculos, que sempre esteve ao serviço do povo, e ligada à resistência ao antigo regime, encontra-se encerrada, porque o tenebroso cabo Mendes tinha instaurado um processo ao Zico, por este ter dado início a uma sessão de cinema com 5 minutos de atraso.

 

O 25 de Abril ou Revolução dos Cravos liderada pelos jovens Capitães de Abril permitiu cumprir 3 objectivos:

1 Acabou com uma ditadura de 48 anos e abriu portas à democracia pluralista;

2 Acabou com a Guerra Colonial e permitiu a independência da Guiné-Bissau, de Angola, de Moçambique, de Cabo-Verde

3 Permitiu o desenvolvimento de Portugal, o seu prestígio como nação que culminou com a sua entrada na Comunidade Europeia, transformando-se no Portugal moderno que muito nos orgulha.

É verdade que hoje em dia, com a globalização a crise económica mundial e a emergência económica de países como a China, o desaparecimento da União Soviética e o previsto colapso de modelo social – não é por acaso que os países do ex-Pacto de Varsóvia aderiram ou estão a aderir à União Europeia – a Europa enfrenta um novo desafio e assiste-se ao fim do estado providência com, algumas conquistas de Abril a serem postas em causa.

Daí o apelo à consciência de cidadania, ao contributo que cada um pode dar. Para ultrapassar esta crise é preciso que cada um de nós cumpra o seu dever.

E para cumprir esse dever não podemos estar à só à espera do que é que o Estado pode fazer por nós, é preciso que cada um de nós pense de que modo pode intervir para que Portugal prospere.

 

 Viva o 25 de Abril

.

Intervenção do Senhor Vereador Rui Gusmão Eleito Pelo PS - Partido Socialista na sua intervenção da sessão solene ocorrida hoje de manhã no Cine-Teatro em Viana do Alentejo.

.

25 de Abril de 2008

.

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 23:36
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Eu Sou Português Aqui

Eu sou português
aqui
em terra e fome talhado
feito de barro e carvão
rasgado pelo vento norte
amante certo da morte
no silêncio da agressão.

Eu sou português
aqui
mas nascido deste lado
do lado de cá da vida
do lado do sofrimento
da miséria repetida
do pé descalço
do vento.

Nasci
deste lado da cidade
nesta margem
no meio da tempestade
durante o reino do medo.
Sempre a apostar na viagem
quando os frutos amargavam
e o luar sabia a azedo.

Eu sou português
aqui
no teatro mentiroso
mas afinal verdadeiro
na finta fácil
no gozo
no sorriso doloroso
no gingar dum marinheiro.

Nasci
deste lado da ternura
do coração esfarrapado
eu sou filho da aventura
da anedota
do acaso
campeão do improviso,
trago as mão sujas do sangue
que empapa a terra que piso.

Eu sou português
aqui
na brilhantina em que embrulho,
do alto da minha esquina
a conversa e a borrasca
eu sou filho do sarilho
do gesto desmesurado
nos cordéis do desenrasca.

Nasci
aqui
no mês de Abril
quando esqueci toda a saudade
e comecei a inventar
em cada gesto
a liberdade.

Nasci
aqui
ao pé do mar
duma garganta magoada no cantar.
Eu sou a festa
inacabada
quase ausente
eu sou a briga
a luta antiga
renovada
ainda urgente.

Eu sou português
aqui
o português sem mestre
mas com jeito.
Eu sou português
aqui
e trago o mês de Abril
a voar
dentro do peito.


Eu sou português aqui
Obras de José Fanha

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 23:29
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Descerramento da lápide que assinala o local da primeira reunião do MFA

 

Alcaçovas
Alcaçovas (Alentejo). Descerramento da lápide que assinala o local da 1-a reunião do MFA

 

DIA 9 de Setembro de 1973


Tendo por local de encontro o Templo de Diana, em Évora, 136 oficiais dirigem-se ao monte do Sobral, em Alcáçovas, a uma herdade de um familiar do capitão Diniz de Almeida, onde nasce formalmente o «Movimento dos Capitães». Exige-se a revogação do Decreto 353/73. Um abaixo-assinado será entregue na Presidência da República e na Presidência do Conselho de Ministros, pelos capitães Lobato Faria e Clementino Pais.

 

- neste mês, 94 capitães e subalternos, em comissão em Angola, assinam colectivamente um protesto e enviam-no a Marcelo Caetano. Em Moçambique elabora-se um documento idêntico que recolhe 106 assinaturas, entre oficiais superiores, capitães e subalternos.

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 20:11
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Preparação do 25 de Abril em Alcáçovas

   

 

Editado por António Costa da Silva

publicado por alcacovas às 20:07
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Publicado por:

André Correia (AC); António Costa da Silva; Bruno Borges; Frederico Nunes de Carvalho; Luís Mendes; Ricardo Vinagre.

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