Nos últimos dois meses do ano passado não me foi possível dar a habitual colaboração ao Registo. Na prática, tive um período muito intenso de trabalho que não me deu quaisquer hipóteses de apresentar as minhas habituais crónicas. Espero agora, voltar com regularidade a apresentar as minhas reflexões.
Gostaria muito de começar o ano com uma perspectiva optimista sobre a situação do País, mas tendo em conta as actuais circunstâncias, não é mesmo nada fácil fazê-lo. Quando olhamos à nossa volta, o que vemos é altamente preocupante.
Deixo alguns dados importantes para que todos possam reflectirem sobre eles:
1) As Obrigações do Tesouro portuguesas chegaram a ser transaccionadas no dia 7 de Janeiro de 2011 nos mercados secundários com uma taxa de juro implícita superior a 7,1 por cento;
2) Num artigo da revista Economist da primeira semana de Janeiro é referido que se espera que Portugal seja obrigado a aceder ao fundo de estabilização da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional para evitar o colapso do euro. Esta revista prevê também que este ano Portugal tenha a terceira pior evolução do PIB em todo o mundo, com uma recessão de mais de um por cento, juntando-se a um coro de instituições que não acreditam na previsão de crescimento marginal de 0,2 por cento da economia inscrito pelo Governo no Orçamento para 2011;
3) Tanto a alemã Der Spiegel e o jornal espanhol El País acertam no mesmo diapasão;
4) Segundo o Jornal DN do dia 7 de Janeiro, informava que em Portugal existem 13.740 Organismos Públicos e só 1.724 apresentam contas. Apenas 418 são fiscalizados;
5) Segundo os dados oficiais do INE, no 3º Trimestre de.2010 o desemprego oficial atingiu 609,4 mil pessoas;
6) De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) as famílias portuguesas mais pobres têm maiores gastos com a saúde e arriscam, por isso, vir a ter um acesso mais limitado a cuidados. Informa, também, que "o peso dos custos directos das famílias é demasiado elevado em Portugal", em comparação com outros países.
7) Os portugueses vão ter na generalidade rendimentos mais baixos, afectando directamente o seu poder de compra. Uma parte dos funcionários públicos vai ter reduções em média de 5% dos seus vencimentos;
Este cenário dramático com que nos confrontamos não nos permite ser muito optimistas. Na prática, estamos perante um paradigma que tem que ser obrigatoriamente resolvido, Há muito que vivemos e gastamos acima das nossas possibilidades. Disso já ninguém dúvida.
O Estado português gasta abusivamente o que não tem. Endivida-se fortemente para pagar dívidas. As empresas não conseguem pagar as suas estruturas já há muito tempo. Há muito que pedem dinheiro à banca para pagar ordenados. Pedem emprestado para pagar ao Estado (quando conseguem). Outras fecham em catadupa (5 falências por dia). As famílias já não aguentam mais. Assim é impossível.
Significa que estamos perante uma situação dramática, com graves consequências para as pessoas. Parece-me mesmo que corremos o risco de entrar num ciclo explosivo. Por muito que tentem disfarçar, a pobreza aumenta brutalmente. Surgem todos dias novos pobres. Surgem os pobres on line, que se escondem atrás de um monitor para pedir socorro. A situação está cada vez mais grave.
Uma coisa é certa, vamos ter de nos habituar a viver com menos. Será que estamos a contar com isso? Será que estamos dispostos a aceitar estas mudanças? Fomos levados para uma situação muito complexa, por isso apenas nos resta sermos mais solidários. Temos que viver com menos, partilhando muito mais. Não vejo alternativa.
Sabemos que nos vão retirar muitas regalias e conquistas que demoram muitos anos a adquirir. Alguém tem dúvidas disso? Não é isso que estão fazer connosco? Não é isso o que este Governo tem vindo a fazer duma forma brutal?
Sei que é inevitável a entrada do FMI em Portugal. Significa mais cortes, significa mais dificuldades. Mas, também sabemos que existem responsáveis por termos chegado onde chegámos. Ou não sabemos?
É neste difícil contexto que vamos ter que conviver.
António Costa da Silva
Publicado no de 2011-01-13
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