Segunda-feira, 23 de Junho de 2008

A RAÇA

RAÇAS, MÁS e BOAS, BRANCAS, PRETAS E AMARELAS. A discussão por causa da “raça” do nosso PR tem sido bastante curiosa e elucidativa das diversas “definições” de raça. Umas mais peremptórias, outras mais abertas. Ou seja umas mais racistas do que outras. O racismo, em linguagem política, parece estar dividido em 2 grupos. O grupo dos racistas, da direita política, até aos nazis. E outro grupo, da esquerda, em que todos são liberais convictos na questão das relações entre grupos. Ou raças? Étnicos, religiosos, culturais, desportivos? As raças dos brancos e dos pretos e dos amarelos e dos assim-assim. As raças dos cristãos, dos muçulmanos, dos pagãos. As raças dos benfiquistas e dos sportinguistas. As raças dos ciganos, dos judeus e dos marroquinos. As raças dos pobres ou dos ricos. A raça dos que são diferentes de mim. Tanta conversa e tanto vazio. Quem é que pode garantir que nunca teve pensamentos ou reacções consideradas por outros (ou por si próprio) como racistas? Quantos de nós já viveram entre outros povos, com outras culturas, outras “raças”? Quantos de entre nós podem jurar que nunca tiveram uma atitude, ou pensamento, racista? Olhemos para os nossos amigos e pensemos: eles são de outras “raças”? Eles têm uma cultura diferente da nossa? Quantos amigos temos, de outras “raças”? Teoria e prática eis a questão! Coloquemos os rótulos na gaveta e falemos claro. Só a título de exemplo (talvez maus exemplos) aponto algumas experiências próprias. Vivi em Angola vários anos, no tempo colonial e recentemente (anos 90). Convivi com muitos angolanos, fiz alguns bons amigos. Nunca pensei, nem eles, que pudesse haver algum problema de “raças” entre nós. Mas tive oportunidade de ver, conhecer, casos de angolanos que se declaravam, comportavam, como “racistas” e portugueses (brancos) que respondiam na mesma moeda. Mas, em geral, a convivência era natural, sem preconceitos. Quando vivi em Angola durante o colonialismo, antes ainda da guerra, vi um pouco de tudo. Racismo puro e agressivo de alguns, mas aceitação e convivência normais de muitos. Como hoje ainda sucede no nosso país. Trabalhei muitos anos em contacto e visitas a países europeus e aos EUA. Conheci pessoas racistas, pessoas com alguns preconceitos e outras sem problemas na convivência com pessoas de outras etnias. O que sempre vi, em todo o lado e com frequência, foram sentimentos e comportamentos de “rejeição” ou de “afastamento” entre pessoas de “classes” económico e sociais diferentes. As pessoas são diferentes e podem chegar a comportamentos excessivos, negativos, comportamentos racistas inaceitáveis. Mas, cuidado, nada de pregar o “evangelho” antes de ver bem o que se passa em casa própria. E isto traz-me outra recordação de Angola. Conheci muitos homens e algumas (poucas) mulheres que estudaram na antiga União Soviética e noutros países comunistas. E muitos deles queixavam-se da forma como eram tratados e considerados em termos puramente racistas. Já no caso de Cuba nunca ouvi queixas nesta área. Porquê? Não me venham com mais “clichés” políticos, esquerdas virtuosas, direitas diabólicas. A história do racismo é bem mais complexa, profunda e não se muda com um cartão de filiado num qualquer partido, seja de que cor for. AC
publicado por alcacovas às 18:36
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