Sexta-feira, 26 de Agosto de 2011

Merk(el)antilização da Europa.

A União Europeia está a atravessar um dos seus piores momentos, ninguém tenha dúvidas disso. Em termos globais a U.E. encontra-se com enormes dificuldades em resolver os seus principais problemas.

 

Não há muito tempo atrás a U.E. era considerada como um espaço altamente apetecível, onde todos queriam entrar. Muitos países fizeram tudo por tudo para entrar neste importante espaço económico e político. O modelo parecia inquebrável.

 

Hoje em dia, encontramos a economia europeia altamente debilitada, onde muitas das suas nações vivem momentos extremamente conturbados, com problemas de difícil resolução. Cada vez mais a U.E. tem fortes dificuldades para encontrar soluções para resolver os seus problemas económicos. A via política tem sido claramente subestimada.

 

A U.E. tem hesitado fortemente em convergir politicamente. Basta lembrar os referendos na Holanda e França sobre a constituição europeia. A Europa tem medo em convergir politicamente, manifestando-se neste tema os seus velhos fantasmas, de que não se consegue libertar.

 

E o que temos agora?

Países em situação crítica a necessitarem de resgates financeiros para salvar as suas debilitadas economias.

 

E a Europa o que faz?

Lá vai contribuindo com algumas ajudas, mas apenas aos países que se encontram na zona Euro; Os países que se encontram em situação aflitiva, mas não estão dentro do Euro, nem sequer se ouve falar deles. É esta a Europa solidária que nós temos!

 

E as lideranças europeias o que fazem?

Aí reside o principal problema. A Europa tem sido conduzida pelo eixo franco-alemão. Tem sido a Sra. Merkel e o Sr. Sarkozy quem tem tomado as principais iniciativas. Esta situação faz com que a U.E. se torne mais frágil e muito mais permissiva a ataques externos. Com estes dois países a “dominar” a Europa, estamos de facto em risco de perda de soberania. A razão é simples: 2 a decidir por 27 (é o que está a acontecer na
prática) é um grande risco para a Europa. Na minha perspectiva, pode ser o princípio do fim do modelo europeu.

 

Com os ingleses a ficarem de foram (basta ver que apenas apoiaram financeiramente a República da Irlanda) e os outros países sem tomarem grandes iniciativas (a Grécia, República da Irlanda e Portugal pouco podem fazer neste momento), significa que a Europa serve apenas a dois países. Para ser mais correcto só a um: à Alemanha.

 

O risco é grande, ou a Europa procura convergir politicamente, tornando-se numa verdadeira “nação” Europeia, ou então vai naturalmente colapsar.

 

Ou entendemos que construir a Europa significa partilhar soberania (em vez de perder soberania), ou então é melhor mudarmos de vida.

 

Continuo a acreditar no modelo europeu, mas não pode continuar como há 20 anos atrás. Tudo mudou e a Europa também.

 

António Costa da Silva

 

Publicado no

publicado por alcacovas às 17:59
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14 comentários:
De Aires da Costa a 28 de Agosto de 2011 às 12:00
"Ou entendemos que construir a Europa significa partilhar soberania (em vez de perder soberania), ou então é melhor mudarmos de vida"

Já estou mesmo a ver os alemães em grandes manifestações a exigirem que os gregos, os sicilianos, os romenos, os andaluzes, os portugueses, etc. tenham uma palavra a dizer sobre o seu modo de vida.

Quanto ao eixo franco alemão... já teve dias.
De artur a 29 de Agosto de 2011 às 02:16
concordo plenamente consigo. Esta foi sem dúvida a melhor discretização da realidade que vi até agora.
É verdade que a Europa hesita em se unir politicamente . Mas também é preciso que nos seja vendida essa ideia muitos de nós ainda temos muito pudor em falar de partilha de soberania. Mas acho que só teríamos a ganhar.
Não partilho de TODO essa ideia bacoca, desfasada, retrograda de que nós somos orgulhosamente sós. Os EUA uniram-se por causa do medo aos ingleses e vejam o que dai resultou . e olhem que eles não perguntaram ao povo, nem fizeram referendos... nada disso. Havia um congresso e havia uma confederação. como há agora com a Europa e alguns estados era renitentes e não queriam abandonar a soberania. Até que os inglese atacaram e os congressistas assinaram nova constituição que fundou o que é actualmente a economia mais rica do mundo. Temos de deixar de ser provincianos para o mundo. Nós europeus temos história. andamos sim ás cabeçadas uns aos outros e fomos inteligentes o suficiente para olhar para além disso e deixando nos de idealismos idiotas , fazermos um mundo melhor.
è preciso que as pessoas se convençam. Isto de termos fundos da União para umas coisa e ficarmos a olhar e não darmos nada em troca é bonito não é pois mas não é assim. Para mim amanha era já os estados Unidos da Europa (mas por amor do santo , chamem lhe Europa , mesmo em inglês), porque estados unidos de alguma coisa é muito piroso.
De SERGIO BORGES a 29 de Agosto de 2011 às 14:49
Totalmente de acordo
De Daniel a 29 de Agosto de 2011 às 06:59
UE
Assim como na física, a economia na Zona Euro funciona infelizmente pelo princípio dos vasos comunicantes, o dinheiro tende a fluir de onde há mais para onde há menos e agora alguém fechou a torneirinha, então caros amigos portugueses tratem de melhorar nossa economia para que se fassa subir o nível do reservatório até à altura da torneirinha para que os fluídos possam se misturar novamente sem perdas efetivas daqueles que produzem mais para aqueles que produzem menos, Portugal não é Lisboa, é mais que isso, muito mais! Mecham-se, menos conversa e mais ação!
De bôda a 29 de Agosto de 2011 às 16:29
Fassa - Faça
mecham-se - mexam-se
De Manuel Leão a 29 de Agosto de 2011 às 17:25
Daniel: Não estou nada de acordo com essa sua teoria dos fluidos. Falando mais terra a terra, o que se passa é exactamente o contrário. O dinheiro tem tendência em fugir dos bolsos dos que têm menos para os bolsos dos que têm mais, quaisquer que sejam as torneirinhas da sua metáfora. Se ainda não conseguiu ver isso, vai ter de ganhar mais experiência de vida. Mas, entretanto, não faça a maldade de escrever faça com dois esses. A língua portuguesa não tem culpa do que se está a passar. Já bastam os tratos de polé infligidos por essa tortura do acordo ortográfico!
De Marc a 29 de Agosto de 2011 às 12:17
Tudo mudou e com essas mudanças vieram lideres como Merkel e Sarkosy sem carisma e sem estofo para fazer da Europa uma verdadeira união. Que se exijam regras duras para os prevaricadores eu aceito agora que se tomem medidas a conta gotas e quando são tomadas já não solucionam nada e muitas vezes até agravam isso é que já me custa a aceitar. Actualmente os lideres europeus agem por reacção e muitas vezes mal. Não há visão estratégica e de futuro. Estamos muito mal entregues em termos de liderança.
De poetazarolho a 29 de Agosto de 2011 às 13:33
“O figo”

Mais poderosa do mundo
Deste mundo de papelão
Em breve baterá no fundo
É o efeito da globalização

China chama-lhe um figo
E vai metê-la num chinelo
Dá ouvidos a este amigo
Que mais isto eu te revelo

Neste nosso mundo global
Andam a dividir pr’a reinar
Através da ultra especulação

Por isso teu poder é virtual
Apenas poderíamos singrar
Fazendo uma enorme união.
De Dom Ricardo Corleone a 29 de Agosto de 2011 às 13:40
A soberania é sagrada e intocável, partilhar nunca! O modelo europeu vai falhar porque desde o inicio que não passa de um projecto absurdo, um tentativa pacifica de construir o IV Reich. Vai acabar por morrer, e ainda bem, o problema é que no processo vamos ter de pagar pelos erros do passado.
De joji a 29 de Agosto de 2011 às 13:51
Portugal, só será um País Rico no seio da Europa, quando os Políticos por cá começarem a governar em vez de se governarem!
Sou eu que pago o salário dos políticos. Não vejo razão nenhuma para eles terem luxos com o dinheiro dos contribuítes!
Vejam o exemplo da Suécia em:

www.sabado.pt/Multimedia/Videos/Mundo/Suecia--Deputados-vivem-em-T0-e-nao-tem-empreg-(1).aspx
De AR a 29 de Agosto de 2011 às 13:54
"Limpem o sebo" a essa %#"@ da Merkel, pois o III Reich (hitleriano) já acabou, e se bem se lembram, não deixou saudades a ninguém, a não ser a uns quantos tresloucados, meio débeis-mentais. Vem cá agora essa p%$@ alemã querer conquistar a Europa, para arranjar mão de obra escrava e barata para lhe encher a pança a ela! Ah, pois! Mercado, mercantilizar, undsoweiter, undsoweiter!... Não é essa estulta e desmesurada ganância que já provocou inúmeras guerras, milhões de mortos e estropiados, além DESTA crise. Por isso, façam mas é espetadas da Merkel Schlampe e dos amiguinhos dela, que não fazem falta nem a nós nem aos próprios alemães. Uma Europa unida constrói-se com base na entreajuda mútua entre os populares, em mútuo respeito, enquanto seres humanos, e não entre o papanço de políticos e economistas cegos.
De Piedade a 29 de Agosto de 2011 às 13:59
Quero continuar a ser Portugal! Por muito mal que esteja é o meu País. Quanto ao fazer parte da Comunidade Portuguesa isso é outra conversa, se voltássemos atrás quem quereria continuar no euro, e não sei se um dia não será a alternativa. A continuar assim vamos todos á falência. Na Europa da senhora Merkel só existe um problema " défice" andamos todos virados do acesso por causa dele e sem ele não podemos viver, aliás é só por ele que choramos. E o resto? Desemprego, fome, miséria será que ninguém se apercebe do que está a acontecer? A Europa vai afundar
De Anónimo a 29 de Agosto de 2011 às 14:20
Meu Caro porque pensa que a Inglaterra não adere a 100% ao desenho político europeu? A Europa deve unir-se em todas as vertentes, excepto na política - o Federalismo pode ser interessante, mas nunca anulando a independência de cada nação/Estado.
Se transpusermos as "realidades" políticas para as da nossa vida quotidiana, facilmente concluimos que a Europa deve ajudar-se plena e honestamente, tal qual uma equipa de futebol, melhor; tal qual uma Família - todos independentes / todos UNIDOS nas necessidades. Existe um contrasenso na sua exposição - a Merkentalização seria mais perigosa, se estivesse legitimada a governar-nos a todos por igual - não esquecer recém passado alemão...
União SIM - económica, social, cientifica, cultural, militar (casos excepcionais)... etc - NUNCA POLÍTICA.

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